quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Senhor, quem é Fudile?


Por Michele C. Marchese

Primeiramente quero esclarecer que esse título foi devidamente plagiado da amiga Alessandra W. Outros esclarecimentos seguem no final do texto. 
“Senhor, quem é Fudile?” é uma pergunta que só o Senhor poderá responder, bem como aquela outra pergunta feita há meses: “O que é Fudile?” Como ninguém respondeu, obviamente creio que ninguém sabe, porém tenho mil conjecturas, milhares de suposições e zilhares de teorias conspiratórias que me renderiam meses de terapia intensiva e diária com minhas amigas psicólogas e sempre de plantão, Andréia M. e Letícia D.
Jamais colocaria tudo o que me passa na cabeça, pois o espaço é ínfimo e cansaria a leitura, deveras. Apenas menciono algumas para economizar o tempo do Senhor em explicar o inexplicável.
Vamos para a conjectura: Fudile é uma variante de Fuzile, já que naquela época eram épocas de dentes de leite que caiam ou eram arrancados por alguma mãe inescrupulosa e então não havia a possibilidade de falar corretamente a letra z, trocando-a por d. A palavra Fuzile é derivada de fuzilar. Éramos sabidos naqueles tempos. Creio que um deles, Alessandro Z., meteu o pé na bola e o ato foi considerado pelos outros como um “fuzilar”, sendo o gol marcado sem eira nem beira e o goleiro a procurar pela bola. Ou, o próprio goleador ficou se gabando “viram que fuzil? Viram que fuzil?” e os outros a menear a cabeça – do tipo tá se achando – logo lhe botaram o apelido. Então o hoje Fudile era o Fuzile em bocas sem dentes do passado.
Agora a suposição: Suponhamos que em épocas remotíssimas da nossa saudosa infância, os meninos (só os meninos) falavam alguns, hã, palavrões. Nada muito sério, porém sempre falados à boca pequena, à surdina, em cochicho. Na hora do recreio, foram Pinto, Nico, Dala, Patinho, Patão e alguns que ainda não tinham apelido comprar a rosca feita pela Dona Vilma; a rosca caiu numa pocinha indecifrável, aquele um pegou, esfregou o açúcar molhado na camisa e deu uma mordida causando asco nos demais. Esses demais não demoraram em falar alguns palavrões do tipo “que f**a”, você é um fu********” e tudo num cochicho de arrepiar, dando tapas em seu ombro, como a dizer cospe fora, cospe fora. Como ele não cuspiu, ficou um apelido meio palavrão, meio não palavrão, mas isso é segredo.
Vamos à teoria conspiratória e da qual creio ser a mais verossímil. Num lindo dia de verão (sempre tem que ter uma pieguice antes do horror) enquanto os meninos jogavam bola na quadra e as meninas estudavam a tabuada, sentadas lindamente e delicadamente nos bancos do colégio (e longe da quadra), eis que o céu torna-se escuro e com nuvens densas a assustar o próprio tempo.  
Um vento efêmero chamou a atenção dos meninos que jogavam e todos olharam para cima com algum receio de que a partida tivesse fim antes mesmo de começar; foi então que uma luz muito forte rasgou o céu na vertical cegando-os temporariamente e um objeto não identificado de pequeno porte e que, pensando hoje, acho que deveria ser uma daquelas naves filhotes, sendo que a nave mãe deveria ser tão grande que escapava à visão, pousou placidamente no meio do campo. O barulho infernal daquele motor não deixava que eles se mexessem, mesmo sendo corajosos, e uma porta se abriu. Um ser indescritível de cor mais indescritível ainda avançou pela porta e fez um sinal com a mão para que eles se aproximassem e eles tentaram pedir socorro, porém estavam dentro de um campo gravitacional e invisível e quem estava de fora não os via e participavam ainda do lindo dia de verão, enquanto meus queridos amigos se viam em apuros numa bolha transcendental, não tendo nem o irmão Daniel a lhes prestar socorro. 
Pois começaram a discutir qual deles iria ter com aquele visitante extraterrestre querendo comunicar-se com muito provavelmente o líder daquele grupo desdentado. Empurraram-se repetidamente quando o Romeu T. disse que iria (para grande alívio de todos), mas quando chegou perto da porta um vento gélido o fez ter uma crise de asma e sequer pode dizer “oi”. O extraterrestre mostrava claros sinais de irritação e uma portinhola lateral se abriu e um grande cano saiu espalhando fumaça verde limão e aquela visão apavorou tanto que o grupo foi andando para trás e o mais embasbacado com a situação ficou na frente. Era agora ou nunca. Tinha brio ou não tinha? Para a sorte mundial nosso heroico colega disse o que ouvira em filmes de ficção - “vim em paz” - e fez o sinal do mestre Jedi - que a força esteja com você -, e tremia tanto que não conseguia piscar e não suava porque o vento gélido agora estava amontoando uma grossa camada de geada sob os seus pés. O ET cumprimentou-o e falou muito e sanou todas as dúvidas filosofais e sobre a criação do universo, contou também sobre a vida em paralelo, onde temos outro de nós mesmos em algum lugar remoto do futuro e do passado e disse o nome de sua gente: “Fudile”.
Como ninguém ouviu a conversa por causa do barulho inclemente dos motores todo mundo acreditou e apelidou-o assim por causa de que após a conversa, a portinhola se fechou, o extraterrestre lhe abanou e o mundo se salvou. Como houve uma falha temporal aquelas horas não existiram para os outros e eles puderam finalmente continuar a partida, não sem antes colocarem as japonas para aquecerem-se daquele frio dos infernos.
É isso.

Esclarecimentos finais: Não pude citar todos os nomes dos colegas, mas creiam-me todos estavam lá na hora que a nave pousou. 




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