Por Michele Calliari Marchese
Estive lendo esses dias um livro intitulado “Tutancâmon – O último
segredo”, que me foi presenteado por um cunhado gente fina, sabedor que sou uma
aficionada por livros de toda sorte. Escrito romanticamente por Christian Jacq,
conta a história de um advogado que busca o último segredo da tumba do faraó
mais misterioso de que se teve notícia e esse último segredo, terminadas as quatrocentas
e setenta e seis páginas, continua em segredo.
Mas não é sobre esse segredo que venho alertar a nobre população da
Campina da Cascavel cujos campos abrigam imensos cemitérios indígenas,
suplantando o mísero Vale dos Reis, no Egito, onde foram encontradas grande
parte das tumbas dos faraós de suas esposas e dignitários, digo grande parte
porque acredito que os arqueólogos ainda têm muito a desenterrar. Enquanto que
aqui na Campina deve-se mantê-los todos enterrados para não correr-se o risco
de nossa linda cidade sumir do mapa e virar um grandioso, esbelto e radiante
canteiro de obras apinhado de arqueólogos de todos os países, ladrões de
tumbas, escravos e algum casal em clima romântico.
Enquanto lia o dito livro me vinha à mente a simples ideia de que todas
aquelas tumbas achadas e desenterradas e suas múmias devidamente qualificadas em
algum museu pelo mundo afora fossem extraterrestres.
Sei que pareço insistente sobre esse assunto, pois eu mesma não acredito
na existência deles, ou acredito, não sei. O fato é que pode ser que eles se
recolheram em suas tumbas, que são verdadeiras moradias, com suprimentos,
bibelôs, muitos tesouros e diários escritos hieroglificamente em lindos papiros
capazes de sobreviver eternamente para depois voltarem, algum dia, num tempo
remoto e fazer renascer aquela ordem de pessoas faraônicas, cujo Estado era rico
e produtor com muita tecnologia e serviço braçal.
Imaginem Tutmés III reviver do nada e rasgar suas ataduras, olhar em
volta e pedir pela tia. Ficaria irado com a situação e chamaria por telepatia
todos os seus asseclas, ancestrais e sucessores para numa ordem eliminar tudo o
que foi feito após o descanso de todos, cujas naves partiram numa linda tarde
primaveril sem ninguém perceber.
Creio que os primeiros a assustarem-se seriam os guardadores das
referidas múmias, depois, é lógico, o restante da população; que perceberia
tardiamente não ter nenhum conhecimento básico sobre como resolver o imbróglio,
e o imbróglio atingiria proporções inimagináveis, tendo Osíris como comandante
supremo e praticamente único solapando aqui e acolá a desencavar os mortos enterrados
a mais de sete palmos de fundura nas ilhas Fiji.
Claro que suas esposas também estariam andando pelas principais ruas de Paris,
procurando ataduras de outras cores para adornar o corpo de cinco mil anos e
joias, muitas joias. Decerto desvendei o grandioso mistério do gosto que as
mulheres têm por joias, muitas joias, de todos os tipos, para usar e para
guardar. Não esqueçamos os sapatos que elas arrematariam sem dó nem piedade em
alguma lojinha de Cingapura com um simples olhar enviesado; quem em sã
consciência enfrentaria a ira de uma Karomama? Mesmo sendo dessa última esposa de faraó encontrada (e
ainda atordoada pelo seu desenterro) em dezembro de 2014, em Luxor no Egito?
Ninguém.
Alerto a população não conspurcarem seus mortos e enterrados debaixo de
nossas humildes casas, e se, num momento inexato da história, esses mesmos
extraterrestres que formaram uma das maiores civilizações do mundo, também
quisessem formar uma das menores? Os índios da Campina da Cascavel. Quem haverá
de dizer o contrário? Quem poderá iluminar nossas mentes?
Pensem comigo: Estavam cansados de alguma coisa, e não precisa de muita
coisa para se cansar, eles, os índios da Campina, resolveram em comum acordo
guardar seus pertences, seus corpos e utensílios debaixo da terra para que
ninguém mexesse e para que quando voltassem encontrassem a casa organizada tal
e qual deixaram e iriam simplesmente utilizar os corpos outrora dormitando e
seguiriam em seu curso natural da vida, mesmo tendo-se passado uns três mil
anos.
Pois quando chegam a casa direto para seus corpos e abrem os olhos, dão
de cara com milhares de pessoas olhando-os e analisando e conversando em
línguas inexistentes na época que saíram para o veraneio. Enlouquecedor, eu
penso. Fora os flashes de máquinas fotográficas e o choro convulsivo de alguma
criança que jurou ter visto a múmia olhando para ela. E estava, de fato.
Deixemos nossos sítios arqueológicos em paz. Para o nosso próprio bem,
pois ninguém me tira da cabeça que os extraterrestres estão perdidos quando
fazem os círculos ingleses em Ipuaçú, eles estão de fato procurando suas tumbas
(aqui na Campina) deixadas outrora em descanso para retornarem a seus lares bem
felizes, porém estão errando de direção em alguma curva calculada erroneamente
por algum piloto inexperiente.
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